8.11.06
Às palavras minguadas
6.10.06
Macumba
Digo já que K. não chega aos pés
Alguma coisa a dizer?
Me dá um beijo
Me vende um beijo
Porque não roubo, acho bruto
Papel no mar com inscrição de amor
Logo tudo vai se resolver
"Comboio de cordas" não sei se aguento
Rasgo sinal em palavras soltas, como já foi dito
E quem espera essa droga de fingir?
Essa bosta fugidia e afiada
Tudo porque dias desses perdi em fracasso
"Sur" explicaria: sorria!
Mas não
Não é assim
Presta atenção, olha pra mim
Satélite de promessas como Cazuza
E escrever é bom como o de cima
De costas pro mundo, açoite fiel
Sentimento
Saravá
5.9.06
Espelho
Entalado no peito
Que merda!
Esse sexo em chupadas...
Quero o novo, o acesso mais simples...
E se as bocas não forem mais as mesmas, suporto!
Me viro de lado, me viro de mim mesmo
Mudo. À tapas, mas mudo.
Passo por cima
Atropelo com carinho
Pra quem sabe depois
Depois...
Morrer o amor, como num "seja como for" de Drummond.
Que é mais sabido do que eu.
4.9.06
Resultado de um mergulho um pouco mais profundo e ainda sem regresso.
Zé Celso bebia seu vinho "comuna", pacífico e distante
Foi então que ela veio...
Fechou as cortinas.
Bem, fiquei sabendo que o tempo se esgotara.
Virei, saí distinto, num trabalho de roda sem igual!
Desci, virei ,andei reto...
Depois descobri:
Não passava de um tempo que foi
Daí então pensei...
E se ele não tocasse!
Não fosse tão besta!
Sabe, como um pedaço de mim que não sai, diabo!
Quem gostaria mais de mim?
Piu piu.
30.7.06
Devaneios
Sintonia pavorosa de luz e gente
Mar
Leal asfalto
Conduções, tremeluz ascendente
Veloz
Beijo vazio
Toque carinho, amor
Vida
Ela, só
Cálido pedido
Rio Amazonas lá vou eu
16.7.06
Escrever sobre coisas da vida, pessoas, cigarros e cervejas.
Escrever sobre coisas da vida, pessoas, cigarros e cervejas
Escrever sobre coisas da vida, pessoas, cigarros e cerveja.
Escrever sobre coisas da vida, pessoas,cigarros e cervejas.
15.7.06
Color de tu
Rápido e rasteiro
detrás do poste largo
o amor a espreitar
vai ser, tenta ultrapassar a barreira
aluga um carro velho e desvia, voa
o amor a espreitar
e se um dia lhe achar
saiba logo sem cessar
noutro mundo vai estar
8.7.06
Oco
Riso solto som alto
Não tem medida o livre corajoso
Pra mim
Passo torto e pesado do assunto
Oste grande carro-de-homem
Não é real o rastro dos pés no asfalto
Pra mim
Vai lá, pega o "psico-homem" e varre a cabeça...
Areja, pontua e se lambe todo...
Meço o meso
Foi você quem não avisou nada
Não é não
Pra mim
9 x 9
Banco ligeiro
Rabos assados
Peido
Negli
Ência
Osco
Ol
Ato
Ias
Rreio
Eijo
Uza
Saco Plástico
Gozo
18.6.06
A todos os jovens
Pêlo fresco
Sorrisos de sol
Calibradas de juventude
Sentinelas da precisão
Eva de Mário
Os olhos de tão menos anunciam
E nesse dia de virada
Meu desejo
A todos os jovens: um eterno feliz aniversário!
2.6.06
Bocado eterno
Doces e precoces cineastas
Então, descobri que o rastro do seio sorria um punhado de algo
Veja bem o vão!
E entrei
E lá, por um tempo fiquei
Tinha luz escura, textura de menos
Tinha gosto de dentro e fios de cabelos
Agora de fora um pouco restou
Sobejo safado, veja bem você!
E se é de findar
Agora eu vou contar
É que eu nada vi
Apenas menti!
27.5.06
8.5.06
Priscila
26.4.06
Para a garota do sono sóbrio
Como a pétala que ousa não ser
O tico que um dia rasguei de mim
Escada sem fim
Sapeca
Singela
Um "s" sem som
Eu gosto de você.
Para Ira
Teu sorriso
Tuas curvas
Olhos e pernas
Linda
São os passos correntes
Tua espécie
No rabicho de olho negro
Teus cabelos
No dedo o anel não escolhido
Tua boca serpentina
E se não foi a garota dos "outros"
Minha foi.
Feliz aniversário.
24.3.06
Esquizoidia
Meu peito está colado na parede.
Os pêlos caem.
.
Antes de tudo acontecer...
Rasgam-me as orelhas.
Os olhos na colher.
.
Os pés não se conhecem...
Um é branco, o outro, preto.
Sou metade de outrem.
Lixo de corpos entrecortados
Corpos entrecortados de lixo
Entrecortados lixos de corpo
Novamente pra ela.
Rasgar um sinal, são palavras apenas!
A resposta, como num galope de vento e luz, não cabe no céu.
Então, como não devesse existir, esse texto se acaba...
Sem resposta, sem uma única gota de tudo.
22.3.06
Sem título
Classe média.
Pendulo que move.
Esse relógio...
Capital.
Por vezes na lama.
Por vezes na cama.
Por vezes, vezes.
Sacode o esqueleto.
Sai do caixão transparente!
Abre os olhos, vê!
5.3.06
Pra ela.
Pra ela, só ela.
Flores ventos assobios...
E um pouquinho daquilo que ela mais gostar.
12.2.06
Samba poconé
Que o tempo passa, amor
Entre soturnos derradeiros
É o nosso amor
Tem vento, brisa leve
Tem queda de neon
Vidinha, breve
Vem
11.2.06
Passeio
10.2.06
Ah,um gole a mais.
Deixo inteiro;
Pro nada vir e tomar.
Seu gole de ânsia...
Masturbar...
Sorria!
Sou eu...
É você em mim.
Não fosse seria o quê...
Seu amor falso...
Seu medo falso...
Seu seu.
Nada...
Meu!
Ela
Além disso..
A moça no banco...
Não estava lá.
Foi o tempo.
Meu tempo?
Passei..
Aleijada que era.
Só vivia de dia.
No bank.No banco.
Sentada.
Os olhos.
Pernas imóveis
Eu.
Na noite.
Fui.
E era de de se ver.
.
Não vi.
Mas imaginei
Um traço comum.
Um beijo comum.
Um eu.
E ela.
Livre.
21.1.06
Helena espera resposta de Pedro, Pedro diz:
16.1.06
Sobre "Cidade Baixa" e "Cinema, aspirinas e urubus"
Esse arroste comparado do que é um ator dentro do filme, sua movimentação e sua expressão, faz do exercício um aprendizado. Cidade Baixa, em título, anuncia com presteza: são três personagens de destaque, um preto, um branco e uma puta. Todos inseridos num espaço da cidade habitualmente muito mais freqüentado, cheio de tipos e vida. Essa área entre mar e terra limita a movimentação. Já a expressão, que não se pretende limitar ao espaço, dele se influencia. Lázaro Ramos, Wagner Moura e Alice Braga atestam a seus personagens, sobre as veias do cenário-espaço, um punhado de realidade. Com certeza a movimentação e expressão são assuntos de mesma matéria, não se diz de um sem dizer do outro. A movimentação entre barco e terra dá a indicação do tipo de expressão e vice-versa.
O movimento quase que siamês entre os dois habitantes da cidade e do mar é prenuncio de um comportamento que se exprime através da amizade. Seja no espaço reduzido do barco, onde dividem o leme, ou no espaço sujo da cidade onde andam pelos bares e ruas. Toda movimentação se faz sorrateira e afetuosa com toques sinceros e palavras desmedidas de amor. A puta entra em cena e só faz romper entre os dois amigos. A carona inusitada de barco até a cidade maior enceta a separação dos aliados e diminui o espaço de ação dos personagens que agora o dividem com a moça. Toda expressão fica, nesse momento, mais tensa e tênue e chega à separação traumática que no fim se preza resolver com as mãos e pano “daquela” sobre os dois “irmãos”.
Cinema, aspirinas e urubus encena um nordeste que se esfria de dia e esquenta de noite. Peter Ketnath e João Miguel representam através de suas expressões o reflexo direto da ocupação física-espacial de seus personagens, o sertão da Paraíba. Ao contrário de Cidade Baixa a movimentação, aqui, alcança os ares secos de um nordeste impiedoso. Todo o eixo de movimento dos atores se dá em torno da amizade que acaba de nascer. A diferença natural de Johann e Ranulpho se mostra evidente nos diálogos rápidos e curiosos que aproximam pouco a pouco os personagens. A separação, tema de destaque nos dois filmes, não se iguala. Enquanto Cidade Baixa evoca um rompimento mais visceral e problemático o filme de Marcelo Gomes encara o fato com simplicidade. Cinema, aspirinas e urubus encarna um filme de estrada, de percurso. Personagens que pretendem um rumo na vida e o fazem, acompanhados ou não. O alemão fugido da guerra e o nordestino preconceituoso de si mesmo se encontram num espaço que incita a reflexão e ajuda na compreensão de um e de outro, pelo outro. É que se vê num personagem um pouco do outro, apesar das diferenças culturais, e isso renasce como um grão que “primigera” a sensação de múltiplas possibilidades. O personagem sertanejo fortalecido com o prestígio alcançado pela máquina cinema de vender pílulas derruba até o coronel, já com chifres e sem moral. O personagem estrangeiro, ausente de um espaço que lhe sirva, se movimenta em busca de um lugar onde isso possa acontecer. No fundo, são dois seres, que se cruzam e se vão impregnados um do outro pela experiência de contacto. Em Cidade Baixa esse convívio parece não ter fim e faz qualquer ânsia de separação virar um batalha regada a sangue e muita euforia. Por fim, Cinema, aspirinas e urubus e Cidade Baixa apresentam-se em imagens corridas e sons ao espectador uma vontade que se diferencia assim: o primeiro vai de leve, manso; o segundo vai pesado, inabalável.
Sobre hegemonia e dominância no "cinema clássico"
É hegemônico ou dominante por que excede outros tipos de cinema. Daí, por em causa uma questão: quais são esses “tipos”? É inevitável antes dizer, descrever com palavras no papel, material tão apto a ser impregnado de poesia e de sonhos, como a própria película, do que eu acho que aprendi, durante as aulas, que seja o “cine” clássico narrativo.
Oras, creio que a organização cronológica linear dos acontecimentos é o que há de mais estrutural e firme num cinema que opta por uma narrativa de orientação, universal, totalmente compreensível e sem ambigüidades.Está aí: é um cinema que guia, um cinema essencial, transparente, apelativo e transcendental no que diz respeito as barreiras da raça, religião, sexualidade, classe social, nação e quiçá espécie. Um cinema de essência, de mimese. É por esse caminho que se torna modelo, um exemplo de sucesso para outros que viriam, o clássico! Deste modo, a clareza imposta pelo modelo de narrativa permite a existência do filme clássico como um eixo, uma toada afirmada e introduzida pela cultura norte-americana. Os meios que se utiliza para alcançar a clareza necessária são bem interessantes. É uma luta interna para se dissimular enquanto discurso, iludir a sua artificialidade através de técnicas de continuidade, produzindo uma narração invisível, algo natural, traço essencial do “cine” clássico narrativo. Faz-se vital assim, a existência de regras. São elas que sustentam o modelo e que também limitam a criação individual, ou seja, fazem do diretor um evidente empregado dos grandes estúdios. É estilo “mais ou menos” homogêneo, presente através de décadas, estúdios, indivíduos e gêneros. Tudo que é posto em cena(mise-en-scène): atores, iluminação, cenografia, figurino, maquiagem, câmeras etc. se une, de forma orgânica na tentativa de se imprimir um cunho de verdade ao que é meramente moral. Tudo isso calcado numa lógica de causa-efeito.
Quanto aos outros “tipos” é que se diz daquilo que acontece em volta de um rio principal: a margem. Estão a margem deste cinema clássico sem, contudo, possuir menor valor. São “cines” que rebentam contra a tórrida corrente do clássico e assumem sua forma nas mais diversas tendências de cada fase. O Expressionismo Alemão, o Realismo-Poético Francês ou o Neorealismo Italiano seguem incorporando elementos estéticos de outras artes e das escolas da poesia e da pintura. São obras pessoais e subjetivas, marcadas pelo experimentalismo e por inovadoras pesquisas formais, mas distantes do sistema que é dominante, hegemônico: clássico.
14.1.06
Amor e Flor, tudo na pele.
Poeira, asfalto frio e silêncio...
Eu sei bem que não sei.
Sombra e ela...
Luz, máquina e natureza...
Eu escovo os pêlos da tirânia.
Grade, grade e grade...
Eu já não vejo ou sinto.
Estrepe, fumaça e rã...
Eu e o fechar dos olhos:
Chocalho de bolhas de sabão em travessas de madeira velha sem risos.
Tcha. Tcha. Tcha.
12.1.06
Teoria e Linguagem
Montagem e forma narrativa..
Movimentação e expressão de atores..
Filho de Deus!
Me diz qual pergaminho rosa é esse?
Aquele da segunda prateleira?
Ou o da última estante no fim do túnel?
Enfim..
Bú.
City Low
Um é preto..
Outro é branco..
A seguinte é um "mix" de um e de outro.
No fim..
Só poderia ser assim..
Entre sangue e pano..
As mãos daquela sobre os dois mandarins.
Narrativas quaisquer
Em exercícios lentos de narrativa!
Qual é?
É como o baile..
É como a pisada firme de um cavalo andaluz!
Qual é?
É guerra de Ruy!
É solitário!
É?Ou não é.
11.1.06
Sobre “A Noite Americana”
“La Nuit Américaine” é nome que diz de uma cena noturna filmada de dia com um filtro especial, em americano: “Day for Night”. O que significa o título da fita cinematográfica?O reconhecimento de que o cinema americano inspirava Truffaut ou, por outro lado, um anúncio dos vários artifícios usados por um diretor para intensificar a sensação de realidade nas filmagens.
O fato é que a imagem e som da fita são apaixonantes. O estilo simples em retratos caprichados de som diz do “filme dentro do filme” um troço cheio de amor. Um avulso, franco desejo de justapor o drama real (off set) e o drama banal (on set). Diz-se do elenco para uma das razões do sucesso do filme, são eles: Jean-Pierre Léaud, famoso entre os fãs de Truffaut por já ter participado em “Os incompreensíveis” e “As duas Inglesas e o Amor”; Jean-Pierre Aumont, no papel de Alexandre, que também atuou em grandes estúdios americanos; Jaqueline Bisset, linda; Jean-François Stevenin, fez o assistente de direção e realmente assistiu Truffaut nas filmagens; Nathalie Baye, ex-dublê, faz Joelle a colaboradora: lúcida, leal e amante do que faz; Alexandra Stewart, faz a atriz grávida Stacey; Valentina Cortese, faz Severine, a toda vulnerável atriz que envelhece. Aliás, a falta de memória da personagem Severine possibilita a Truffaut a filmagem de uma cena por diversos pontos de vistas, cada vez que a cena é vista, devido aos erros de fala da “atriz-personagem”, a câmera assume uma posição diferente trazendo a realidade de se rodar um filme por várias perspectivas, mas principalmente àquela que trespassa de um filme a outro.
Mais importante ainda é o papel do próprio Truffaut como diretor do filme dentro filme. É a segunda vez que Truffaut atua em um de seus filmes, a primeira foi em “Garoto Selvagem”. Truffaut era um perfeccionista não dogmático, nunca dava ordens, só pedia. Os toques sutis extraiam grandes interpretações e colaborações da equipe. Faz Ferrand como se fosse o próprio Truffaut fazendo a si mesmo, consumido pelas filmagens, a ponto de não ter vida própria. Assim, começamos a assistir ao filme “La Nuit Américaine” supondo que seja a história que iríamos ver até ouvirmos a palavra “corta”. É daí em diante que percebemos que assistiremos a feitura do que pensávamos ser a história. Da história contada passamos ao contar de uma história, privilegiados de espiar os bastidores e ver como um filme é feito. Sem teorias complexas, sem teorias. Nos estúdios La Victorine, num velho set abandonado por razões “capitais”, Truffaut encontra o espaço físico que completaria seu imaginário e lançaria um filme sobre o filme, único.
6.1.06
Pessoas e eu.
Todas as pessoas de diversas maneiras gritam!
Ao vazio.
As pernas imóveis anunciam o travo final!
São gritos involuntários de saber..
O vídeo GAME!
It´s not over!
Os dedos apontados anunciam o virtual..
E The Doors soa como um assobio alheio a tudo..